sábado, 19 de janeiro de 2013

Noite de temporal

Viver no campo tem destas coisas. Se por um lado é só ar puro e passamos os dias a olhar para a natureza e a sentir a natureza na nossa pele, nos nossos poros. Se por um lado viver no campo nos dá um tom de pele saudável, andamos sempre na rua e vivemos o dia a dia fora do bulício da cidade e dos tubos de escape. Por outro, quando acontecem estas noites, noites de temporal em que parece que o mundo acaba, onde telhas se levantam, árvores centenárias tombam com o vendaval como se fossem caniçais, nestas noites viver no campo pode parecer que estamos num filme de terror, daqueles em que existe uma mata escura, cheia de monstros que uivam e emitem sons aterradores. Foi o que se passou esta noite. Já não bastava os miúdos continuarem a acordar com tosse, graças a Deus com muito menos frequência, ainda me fartei de acordar com o som do bater da chuva e do vento e só pensava na palmeira que temos mesmo ao pé do nosso quarto, que ainda por cima está doente com a doença dos escaravelhos vermelhos e por isso está fraquinha e se ela nos havia de cair em cima da casa. E o meu carro que tinha deixado na rua, pensei nos contentores de lixo no cimo da rua e se eles escorregariam rua abaixo para dar conta do meu carro. E pensava no Toby sozinho na sua casinha, do medo que ele teria de sentir o vento bater na porta e ver a chuva a cair na janela. Todos estes pensamentos pairavam na minha cabeça cada vez que acordava com o temporal e fazia-me encolher e agarrar o JP com força, como se o fato de estar agarrada a ele me desse a segurança que necessitava e fizesse o temporal parecer apenas uma chuva molha tolos.
Infelizmente, quando acordamos e reparei na devastação que estava a nossa volta, só pensava que bom que era termos uma casa de tijolo que nos abrigou incrivelmente bem do ciclone que passou por lá. A palmeira resistiu, não sem mais uma quantas hastes que jaziam no chão. A piscina estava coberta de caruma, sacos plásticos vindos não sei de onde e ramos de pinheiros das redondezas. O chão do terraço cheio de areia, caruma e mais ramos de pinheiro. Felizmente os carros estavam intatos e no fundo, nada que umas horas a varrer não voltem a pôr a nossa casa como era antes. Mas que foi uma noite verdadeiramente assustadora foi. Meteu medo. Ainda bem que passou. Viver no campo continua a ser MUITO bom!!!!
 

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